Arrastar os pés ao caminhar pode ser um sinal de Parkinson

O tremor é o sintoma mais conhecido do Parkinson. Mas antes dele surgir e da doença ser diagnosticada, muitos pacientes percebem mudanças no organismo, não associadas a ela. No livro Parkinson’s Disease: Diagnosis and Clinical Management(Doença de Parkinson: Diagnóstico e Controle Clínico), um capítulo fala dos primeiros sinais, aqueles que passam despercebidos. Dentre eles, o paciente arrastar os pés ao caminhar é considerado um sinal que atenção, podendo inclusive aumentar o risco de tropeços e quedas. Este sintoma, segundo o livro, se manifesta principalmente em momentos de fadiga e pode ser notado pelo desgaste irregular da sola do sapato. Vale o alerta e o cuidado em pisos irregulares. 

A seguir, veja uma lista com outros sinais iniciais da doença de Parkinson, que nunca são associados a ela. 

– A dor é um dos sinais iniciais da doença de Parkinson. Esta é a conclusão de um estudo que mostrou que a dor pode ser um marcador importante da doença e surgir antes mesmo de qualquer comprometimento motor. Este estudo que classifica a dor como um pródromo, ou seja, um sinal que indica o início de uma doença antes que os sintomas clássicos apareçam, foi conduzido no Instituto de Neurociências de Bangur, na Índia. Para conduzi-lo, os pesquisadores analisaram o histórico médico e os tipos de dores sentidas por 500 pessoas acima de 50 anos. Os participantes foram divididos em dois grupos: um grupo de pacientes controle (sem a doença) e um grupo em estágio inicial da doença. Foi constatado que o grupo já afetado pelo Parkinson teve mais dores que o outro. Mais sobre este estudo aqui. 

– A perda do olfato também pode ser um dos primeiros sinais da doença de Parkinson. Um estudo publicado no periódico Neurology mostrou que pessoas com olfato reduzido têm o risco de desenvolver Parkinson aumentado em cinco vezes. De acordo com o professor de epidemiologia Honglei Chen, da Michigan State University College of Human Medicine in East Lansing, nos Estados Unidos, que conduziu o estudo, a perda olfativa é pouco percebida ou até mesmo ignorada por muito tempo e pode surgir anos – até seis anos, como notou – antes de se chegar ao diagnóstico de Parkinson. Chen avaliou, durante uma década, mais de 2500 homens e mulheres, com idade média de 75 anos, antes de chegar à conclusão publicada. Leia mais informações aqui. 

– Um estudo publicado na revista científica Radiology mostra que mudanças no sistema visual podem estar ligadas ao Parkinson e surgem antes de qualquer outro sintoma evidente. Ou seja, alterações na visão podem ser sinal de Parkinson. De acordo com o oftalmologista responsável pelo estudo Alessandro Arrigo, da Universidade Vita-Salute San Raffaele, na Itália, a visão dos parkinsonianos apresenta variadas diferenças se comparada à de pessoas saudáveis da mesma idade. Após realizar exames de imagem por ressonância magnética com os participantes, foi possível detectar alterações nas estruturas dos olhos dos pacientes de Parkinson, o que não aconteceu com os demais participantes. Arrigo afirmou, em entrevista coletiva sobre seu estudo, que os sinais podem anteceder os sintomas motores em mais de uma década. Leia mais aqui. 

– O distúrbio comportamental do sono REM, que provoca movimentos bruscos e muita agitação durante a noite, pode ser considerado um fator de risco para o Parkinson. Um estudo conduzido na Universidade de Toronto (Canadá) sugere que quem tem o sono inquieto pode, eventualmente, ter mais chances de desenvolver doenças neurológicas, como Parkinson e formas de demência. Ou seja, noites agitadas, cheias de movimentos rápidos e bruscos, servem como sinal de alerta. De acordo com John Peever, autor do trabalho, o distúrbio ocorre durante o sono REM, como o nome sugere, fase na qual a atividade cerebral está mais rápida. Em pessoas com cérebros saudáveis, os músculos se aquietam durante esse estágio do sono. Peever calcula que 80% das pessoas com distúrbio comportamental do sono podem desenvolver algum problema neurológico. E, o mais curioso, é que este sinal pode ser visto 15 anos antes do diagnóstico de uma doença ser efetivamente feito. 

Atualizado em 19/10/2022