Entenda a perda cognitiva e a demência na doença de Parkinson

A doença de Parkinson é conhecida pelas alterações motoras, como rigidez, tremor e instabilidade postural. No entanto, ela também apresenta alterações não-motoras, que podem surgir desde o início da doença, como: depressão, ansiedade, apatia, alucinação, alteração do sono, comprometimento cognitivo leve e demência. A alteração cognitiva associada à doença de Parkinson é altamente prevalente e causa significativa redução da qualidade de vida. Aqui, a neuropsicóloga Fernanda M. Colucci Fonoff fala sobre a demência na doença de Parkinson, como é feito o diagnóstico, as principais características e os tratamentos.

  1. Toda alteração cognitiva na doença de Parkinson é demência? Não. As alterações cognitivas se dividem em dois momentos: comprometimento cognitivo leve e demência. O comprometimento cognitivo leve é definido como a condição intermediária entre a função cognitiva normal e o início do quadro de demência. As alterações cognitivas na doença de Parkinson podem ter início com os primeiros sintomas motores e têm progressão lenta.
  2. Quais as principais alterações cognitivas na doença de Parkinson? As principais perdas cognitivas na doença de Parkinson são: lentidão de pensamento, declínio da função de atenção/concentração, declínio da função executiva e alteração da memória pela dificuldade de evocação tardia. Assim, os pacientes apresentam dificuldade para iniciar respostas, gerar estratégias, monitorar ou regular o comportamento. Já outros quadros de demência apresentam mudanças mais severas, como afasia (alteração da linguagem), apraxia (alteração da capacidade de coordenar tarefas complexas) e agnosia (alteração da capacidade de reconhecer objetos, sons e formas). 
  3. Quem tem maior risco de desenvolver demência na doença de Parkinson? Existem alguns fatores de risco associados à demência na doença de Parkinson. Eles são idade avançada, tempo de doença de Parkinson, disfunção autonômica, instabilidade postural, confusão mental no início da doença, alucinação ou psicose com uso de medicamentos dopaminérgicos, alteração do sono REM e comprometimento cognitivo leve.

     

  4. Como é feito o diagnóstico de demência na doença de Parkinson? O critério de diagnóstico de demência em pacientes com Parkinson foi estabelecido pela Sociedade dos Distúrbios dos Movimentos (MDS). Assim, o paciente tem que preencher os seguintes critérios:
    – Ter o diagnóstico de doença de Parkinson, segundo os critérios do Queen Square Brain Bank;
    – Ter o diagnóstico de doença de Parkinson anteriormente ao diagnóstico de demência;
    – Apresentar baixo desempenho em teste que avalia a eficiência global;
    – As alterações cognitivas devem ser graves o suficiente para causar impacto nas tarefas diárias;
    – As alterações cognitivas devem ser em mais de um domínio cognitivo.
    – A avaliação neuropsicológica das funções cognitivas deve ser realizada por um profissional especializado e atento às minúcias de cada função. Ela pode especificar o padrão e a gravidade da demência na doença de Parkinson. Leia mais aqui.
  5.  Qual o tratamento para demência na doença de Parkinson? Uma vez realizado o diagnóstico de demência na doença de Parkinson, o paciente pode iniciar tratamento medicamentoso e a reabilitação neuropsicológica. A reabilitação cognitiva trabalha estratégias compensatórias, estimulação de áreas não comprometidas, fixação de aprendizagem e conscientização. Quando feita com regularidade e diante dos primeiros sinais de declínio cognitivo, a reabilitação apresenta bons resultados, o que traz conforto e autonomia para o paciente.

Entenda mais sobre reabilitação cognitiva. 

Atualizado em 11/09/2019.

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