Traumas na cabeça aumentam o risco de desenvolver a doença de Parkinson

Embora os cientistas não tenham chegado a uma única causa para o Parkinson, já se sabe que fatores ambientais e genéticos podem interagir e levar à doença. Traumas na cabeça estão entre estes fatores ambientais. O caso mais conhecido é do lutador de boxe Muhammad Ali. Muitos especialistas acreditam que o Parkinson de Início Precoce, que acometeu o atleta aos 42 anos de idade, tenha sido desencadeado pelas inúmeras e repetidas pancadas nos ringues.

Nos últimos anos, muitos estudos sugeriram associações entre a doença de Parkinson e traumas na cabeça e no cérebro. Esta ligação geralmente é feita após médicos analisarem o histórico de traumas na cabeça entre grupos de pessoas com e sem a doença de Parkinson. São considerados traumas aqueles que alteram a consciência e levam a problemas cognitivos, físicos e emocionais, ainda que temporários. Eles podem ser em decorrência de acidentes de carro, quedas ou consequência de lesões obtidas durante a prática de esportes.

Um estudo recente, publicado no periódico Neurology, engrossa as evidências. Após avaliar mais de 300 mil veteranos de guerra, dos quais metade sofreu traumas na cabeça, os pesquisadores concluíram que aqueles que tiveram traumas moderados e graves apresentavam um aumento no risco de desenvolver a doença de Parkinson. Ao analisar os números, este aumento foi realmente pequeno. Um trauma no cérebro não significa que a pessoa vá ter Parkinson. No entanto, estes mesmos números indicam que um trauma na cabeça é sim um fator ambiental que, associado a fatores genéticos, merece atenção.

Definir exatamente a quantidade necessária para tornar um fator ambiental arriscado é um desafio para quase todas as interferências. Quando se fala em traumas na cabeça e no cérebro, as dificuldades são ainda mais expressivas. Quantas pancadas seriam danosas? E qual intensidade tornaria uma pancada perigosa? O uso de capacete amenizaria o estrago? Enfim, fechar a conta não é simples. Há sempre outras variáveis. Neste caso especificamente, seria preciso saber se o paciente já não estava com Parkinson anteriormente e, quem sabe, não foi a doença que provocou uma eventual queda, que levou ao trauma? O importante, enquanto não se chega a conclusões incontestáveis, é seguir pesquisando para desvendar mais detalhes dos mecanismos que levam à destruição das células que produzem dopamina. Quanto mais perto estivermos das causas e mais entendermos a doença de Parkinson, mas próximos estaremos da cura e da prevenção.

Atualizado em 25/06/2018.