Nova droga, em estudo, impede a evolução da doença de Parkinson

nova droga para impedir a progressão da doença de Parkinson

Em paralelo à busca pela cura do Parkinson, cientistas investem pesado também na descoberta de algo que possa frear a progressão da doença. A boa notícia dessa semana é que pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, afirmam ter desenvolvido uma nova droga experimental capaz de reduzir a evolução do Parkinson e de seus sintomas em ratos e em culturas de células cerebrais.

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A depressão na doença de Parkinson

Depressão na doença de Parkinson

Quadros de depressão e ansiedade são extremamente comuns em pacientes com doenças crônicas. Em parkinsonianos, os transtornos mentais são ainda mais recorrentes. Estima-se que a depressão, isoladamente, é a alteração não-motora mais comum na doença de Parkinson, presente em quase 50% dos pacientes. Quando não tratada, ela chega a intensificar os outros sintomas da doença, além de comprometer a capacidade cognitiva e, consequentemente, piorar a qualidade de vida do parkinsoniano. 

Mas a depressão pode ser tratada. Como explica a neurologista Rachel Dolhun, em um texto publicado no site da The Michael J. Fox Foundation, ‘assim como a levodopa ajuda pacientes de Parkinson a se movimentar melhor, antidepressivos e/ou terapia podem ajudar uma pessoa deprimida a funcionar melhor. Se a depressão na doença de Parkinson não for tratada de forma adequada, o tratamento dos demais sintomas torna-se difícil, e a prática regular de exercícios (fundamental para parkinsonianos) pode ser impossível’. 

Rachel Dolhun, que ocupa o cargo de vice-presidente da fundação, fala mais: ‘Infelizmente, nossa sociedade coloca um estigma na depressão e outras doenças mentais, o que dificulta a busca por ajuda. Mas lembre-se que a depressão é um sintoma do Parkinson e uma doença também, não uma fraqueza de caráter.’ 

A seguir, a neuropsicóloga Fernanda M. Colucci Fonoff explica as causas, os sintomas e os tratamentos para a depressão vista na doença de Parkinson. 

1) Depressão é muito comum em pacientes de Parkinson. 

Embora muitos pacientes de Parkinson fiquem tristes, a depressão que os acomete é provocada por alterações químicas no cérebro, que ocorrem simultaneamente à doença. Isto está comprovado porque há evidências de que a depressão, em alguns casos, precede as manifestações motoras da doença; pela alta prevalência de casos de depressão em pacientes de Parkinson quando comparado à incidência em pacientes de outras doenças crônicas e, por fim, pela falta de correlação entre o quadro depressivo e a gravidade dos sintomas do Parkinson. A depressão pode, até certo ponto, ser considerada parte da doença de Parkinson. O cérebro do parkinsoniano possui alterações nas áreas que produzem dopamina, serotonina e noradrenalina, substâncias diretamente relacionadas ao humor, à energia, ao bem-estar. 

2) A depressão é frequentemente ignorada em pacientes com Parkinson. 

Diagnosticar a depressão em pacientes de Parkinson pode ser um grande desafio por ela apresentar sintomas diferentes da depressão idiopática, ou seja, a clássica. Na depressão clássica, o paciente se sente culpado, chora, apresenta comportamento de desânimo, ruminação negativa, ideação punitiva e baixa autoestima. Já em pacientes de Parkinson, a depressão se manifesta de outra forma. Ela acaba murchando o paciente. É como se a central de energia da pessoa fosse desligada. A queda de dopamina e de outros neurotransmissores no cérebro faz com que vergonha, medo, desânimo e apatia se instalem. Há também uma enorme falta de vontade de produzir. Tudo isso, muitas vezes, é visto como preguiça ou cansaço – e não como depressão. 

3) Os sintomas de depressão são facilmente confundidos com os sintomas do Parkinson. 

Os sintomas da doença de Parkinson, tanto motores quanto não-motores, muitas vezes se assemelham aos da depressão. Isto faz com que o parkinsoniano passe meses e até anos com o quadro de depressão não percebido e, consequentemente, não tratado. O Parkinson provoca fadiga, distúrbio da sexualidade, empobrecimento da atenção, tensão muscular, alterações gastrointestinais, alteração do sono, lentidão cognitiva e motora. A depressão na doença de Parkinson expressa-se pelo humor baixo ou triste, diminuição da capacidade de aproveitar atividades agradáveis, bem como a perda de interesse. 

 

4) A depressão pode comprometer a função cognitiva. 

Embora a relação não seja totalmente esclarecida, os especialistas já notaram que a depressão na doença de Parkinson leva os pacientes a se queixarem muito dos sintomas motores e apresentarem maior comprometimento para realizar tarefas que exigem memória, formação de conceito e fluência verbal. Por outro lado, após o tratamento da depressão, os pacientes recuperam a qualidade de vida e têm os sintomas em geral mais controlados. 

5) A depressão pode comprometer a qualidade de vida. 

As principais consequências da depressão na doença de Parkinson estão diretamente associadas ao prejuízo cognitivo e funcional do paciente nas atividades do dia-a-dia. Isto, obviamente, reflete de forma negativa na qualidade de vida do paciente, assim como sobrecarrega emocionalmente o cuidador. No entanto, a boa notícia é que ao tratar a depressão, de forma consistente e adequada, há melhora na percepção dos sintomas motores e não-motores. 

6) Existe tratamento para a depressão. 

Após o desafio inicial do diagnóstico, inicia-se o tratamento da depressão. Na maioria dos casos, o tratamento mais eficiente é a combinação de medicamentos antidepressivos e terapia. Antes, porém, de iniciar o uso de qualquer medicação, o médico especialista precisa avaliar qual é a melhor opção de combinação dos medicamentos antidepressivos e antiparkinsonianos. Muitas vezes, é preciso tempo e paciência para ajustar as medicações e chegar ao ponto desejado. Mas é importante não desistir. Além disso, os médicos são unânimes em afirmar a importância de praticar atividade física sempre. É fato comprovado que ela aumenta a disposição, melhora o humor e ajuda no combate à depressão. 

 

Atualizado em 19/10/2022.

Levodopa, a medicação que revolucionou o tratamento da doença de Parkinson

levodopa, a medicação mais eficiente para a doença de Parkinson

A doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo que afeta o sistema nervoso, causando sintomas motores e problemas mentais. Na doença de Parkinson, ocorre uma redução das células que produzem a dopamina, um neurotransmissor que atua no envio de mensagens para as partes do cérebro que controlam os movimentos e a coordenação. Na falta deste neurotransmissor, todo o controle motor se desequilibra. Uma eventual reposição de dopamina via oral seria, em tese, o tratamento ideal. No entanto, na prática não funciona, pois ela não chega às áreas necessárias do cérebro.
É aqui que entra a levodopa, precursor da dopamina e principal droga usada no tratamento do Parkinson. Esta substância alcança o cérebro e se transforma em dopamina. A levodopa, há mais de 50 anos, revolucionou o tratamento do Parkinson, proporcionando alívio dos sintomas motores e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Conheça outras características desta medicação que tem sido fundamental no manejo da doença de Parkinson.

Você conhece a Levodopa?

  • A levodopa é a principal droga utilizada em todos os estágios da doença. Ela é altamente eficiente no controle de sintomas como rigidez e lentidão dos movimentos. No entanto, seu uso prolongado pode levar a efeitos colaterais, como flutuações motoras, conhecidas como períodos “off”. Para otimizar o tratamento, a levodopa está disponível em diferentes formas de administração, como a versão de liberação prolongada, ideal para ser tomada antes de dormir, e a forma dispersível, adequada para pessoas com dificuldade de deglutição.
  • Uma novidade promissora é a versão inalável da levodopa, chamada Inbrija, que foi recentemente aprovada pelo FDA. Essa forma de apresentação, semelhante a uma bombinha de asma, será utilizada para tratar os períodos “off” com uma dosagem de 84 mg, conforme necessário, até cinco vezes ao dia.
  • A absorção da levodopa ocorre no intestino e seu efeito aparece em 30 minutos, com duração de 3 a 5 horas. Mas a forma como atua varia de pessoa para pessoa. Em alguns pacientes, a absorção da droga fica comprometida quando ingerida com proteína (carnes, leite, queijos, ovos). O ideal, portanto, é tomar a medicação de 30 a 45 minutos antes da refeição ou duas horas depois. Para alguns pacientes, a levodopa causa um pouco de enjoo. Segundo relatos, esta náusea pode ser amenizada com um lanche leve, de bolacha água e sal ou uma fatia de pão.
  • Apesar dos desafios e efeitos colaterais, a levodopa continua sendo o tratamento mais eficaz para os sintomas motores da doença de Parkinson. Estudos estão em andamento para entender melhor seus mecanismos de ação e desenvolver terapias que possam modificar a progressão da doença, trazendo esperança para os pacientes.

Atualizado em 19/05/2023.

Referências

Abbasi, M. H., Esmaeili, S., Habibi, S. A., & Shahidi, G. A. (2020). Dilemma in Parkinson’s treatment; levodopa monotherapy may be the best choice. Journal of Clinical Neuroscience, 79, 219-223.

Cilia, R., Cereda, E., Akpalu, A., Sarfo, F. S., Cham, M., Laryea, R., … & Pezzoli, G. (2020). Natural history of motor symptoms in Parkinson’s disease and the long-duration response to levodopa. Brain, 143(8), 2490-2501.

Paik, J. (2020). Levodopa inhalation powder: a review in Parkinson’s disease. Drugs, 80(8), 821-828.

Como garantir a qualidade do sono na doença de Parkinson

qualidade do sono do paciente de parkinson

À medida que se envelhece, o ritmo circadiano – período de 24 horas, no qual ocorre o ciclo biológico – se altera e, com ele, vários aspectos do funcionamento do organismo. Um dos departamentos que mais sente as mudanças com o passar dos anos é o ciclo sono-vigília. Na doença de Parkinson, a qualidade do sono fica ainda mais comprometida.

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Dr. Erich Fonoff Responde: quem é candidato à cirurgia de Parkinson?

Dr. Erich Fonoff responde quem é candidato à cirurgia

Você já segue a série Dr. Erich Fonoff Responde no nosso canal no YouTube? Com o propósito de trazer informações úteis e tirar dúvidas sobre o Parkinson, o neurocirurgião Dr. Erich Fonoff responde as principais perguntas que os leitores têm sobre a doença, como os sintomas e os tratamentos e também como pacientes, familiares e cuidadores podem enfrentar o desafio da doença com mais leveza e conhecimento.

Dr. Erich Fonoff é diretor técnico do canal Parkinson Hoje, médico neurocirurgião, professor, pesquisador e um dos principais especialistas brasileiros em doença de Parkinson e outros distúrbios do movimento.

No vídeo abaixo, Dr. Erich Fonoff fala sobre a cirurgia de estimulação cerebral profunda e quais pacientes são candidatos ao procedimento.

Se preferir assistir o vídeo acima direto no YouTube, clique aqui.

Para saber se a doença de Parkinson é hereditária, clique aqui. 

Clique aqui para saber mais sobre a cirurgia de Parkinson.

Atualizado em 28/08/2018.

Exercícios intensos ajudam a manter a capacidade motora

exercícios intensos retardam progressão do Parkinson

A importância de atividades físicas no tratamento de Parkinson é indiscutível. Os médicos são unânimes em afirmar o quanto um exercício feito com supervisão e regularidade pode ajudar muito na manutenção da autonomia e da segurança do paciente, além de assegurar mais qualidade de vida. Agora, um estudo americano, ainda em fases iniciais, mostrou que exercícios intensos, além de ser seguros, têm a capacidade de retardar a progressão da doença em pacientes que ainda se encontram nos primeiros estágios da doença.

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O neurocirurgião Erich Fonoff fala sobre o pós-operatório da DBS

Conheça o pós-operatório da DBS

A cirurgia de estimulação cerebral profunda é um dos tratamentos mais eficientes para controlar os sintomas da doença de Parkinson. Atualmente, ela é bem menos invasiva e apresenta melhores resultados para os pacientes. No entanto, a DBS, sigla em inglês para deep brain stimulation, ainda é uma cirurgia e, como todo procedimento cirúrgico, tem um período de recuperação até que a vida volte totalmente ao normal e o paciente sinta todos os benefícios. A seguir, o neurocirurgião dr. Erich Fonoff, um dos maiores especialistas em estimulação cerebral profunda no Brasil, esclarece como é o pós-operatório.

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Transtorno do controle do impulso na doença de Parkinson

transtorno do controle do impulso na doença de Parkinson

Parkinson é uma doença que atinge, principalmente, os movimentos. Porém, em paralelo, o transtorno do controle do impulso está, muitas vezes, associado às complicações do próprio tratamento da doença de Parkinson. Nas últimas décadas, observou-se que alguns pacientes em uso prolongado de medicações dopaminérgicas, assim como aqueles submetidos à cirurgia de estimulação cerebral profunda, apresentaram alterações comportamentais relacionadas a este espectro. A seguir, a neuropsicóloga Fernanda M. Colucci Fonoff, aborda pontos importantes deste transtorno:

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A toxina botulínica no tratamento da doença de Parkinson

uso da toxina botulínica no tratamento de Parkinson

Quando se fala em Botox, logo se pensa em tratamentos estéticos. No entanto, a toxina botulínica é usada para fins médicos muito antes de sua aplicação na beleza. Ela funciona para diversos fins terapêuticos no corpo humano – da neurologia à urologia. No tratamento da doença de Parkinson, a toxina botulínica também encontrou seu espaço.

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