Traumas na cabeça aumentam o risco de desenvolver a doença de Parkinson

traumas na cabeça aumentam o risco de Parkinson

Embora os cientistas não tenham chegado a uma única causa para o Parkinson, já se sabe que fatores ambientais e genéticos podem interagir e levar à doença. Traumas na cabeça estão entre estes fatores ambientais. O caso mais conhecido é do lutador de boxe Muhammad Ali. Muitos especialistas acreditam que o Parkinson de Início Precoce, que acometeu o atleta aos 42 anos de idade, tenha sido desencadeado pelas inúmeras e repetidas pancadas nos ringues.

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A depressão na doença de Parkinson

Depressão na doença de Parkinson

Quadros de depressão e ansiedade são extremamente comuns em pacientes com doenças crônicas. Em parkinsonianos, os transtornos mentais são ainda mais recorrentes. Estima-se que a depressão, isoladamente, é a alteração não-motora mais comum na doença de Parkinson, presente em quase 50% dos pacientes. Quando não tratada, ela chega a intensificar os outros sintomas da doença, além de comprometer a capacidade cognitiva e, consequentemente, piorar a qualidade de vida do parkinsoniano. 

Mas a depressão pode ser tratada. Como explica a neurologista Rachel Dolhun, em um texto publicado no site da The Michael J. Fox Foundation, ‘assim como a levodopa ajuda pacientes de Parkinson a se movimentar melhor, antidepressivos e/ou terapia podem ajudar uma pessoa deprimida a funcionar melhor. Se a depressão na doença de Parkinson não for tratada de forma adequada, o tratamento dos demais sintomas torna-se difícil, e a prática regular de exercícios (fundamental para parkinsonianos) pode ser impossível’. 

Rachel Dolhun, que ocupa o cargo de vice-presidente da fundação, fala mais: ‘Infelizmente, nossa sociedade coloca um estigma na depressão e outras doenças mentais, o que dificulta a busca por ajuda. Mas lembre-se que a depressão é um sintoma do Parkinson e uma doença também, não uma fraqueza de caráter.’ 

A seguir, a neuropsicóloga Fernanda M. Colucci Fonoff explica as causas, os sintomas e os tratamentos para a depressão vista na doença de Parkinson. 

1) Depressão é muito comum em pacientes de Parkinson. 

Embora muitos pacientes de Parkinson fiquem tristes, a depressão que os acomete é provocada por alterações químicas no cérebro, que ocorrem simultaneamente à doença. Isto está comprovado porque há evidências de que a depressão, em alguns casos, precede as manifestações motoras da doença; pela alta prevalência de casos de depressão em pacientes de Parkinson quando comparado à incidência em pacientes de outras doenças crônicas e, por fim, pela falta de correlação entre o quadro depressivo e a gravidade dos sintomas do Parkinson. A depressão pode, até certo ponto, ser considerada parte da doença de Parkinson. O cérebro do parkinsoniano possui alterações nas áreas que produzem dopamina, serotonina e noradrenalina, substâncias diretamente relacionadas ao humor, à energia, ao bem-estar. 

2) A depressão é frequentemente ignorada em pacientes com Parkinson. 

Diagnosticar a depressão em pacientes de Parkinson pode ser um grande desafio por ela apresentar sintomas diferentes da depressão idiopática, ou seja, a clássica. Na depressão clássica, o paciente se sente culpado, chora, apresenta comportamento de desânimo, ruminação negativa, ideação punitiva e baixa autoestima. Já em pacientes de Parkinson, a depressão se manifesta de outra forma. Ela acaba murchando o paciente. É como se a central de energia da pessoa fosse desligada. A queda de dopamina e de outros neurotransmissores no cérebro faz com que vergonha, medo, desânimo e apatia se instalem. Há também uma enorme falta de vontade de produzir. Tudo isso, muitas vezes, é visto como preguiça ou cansaço – e não como depressão. 

3) Os sintomas de depressão são facilmente confundidos com os sintomas do Parkinson. 

Os sintomas da doença de Parkinson, tanto motores quanto não-motores, muitas vezes se assemelham aos da depressão. Isto faz com que o parkinsoniano passe meses e até anos com o quadro de depressão não percebido e, consequentemente, não tratado. O Parkinson provoca fadiga, distúrbio da sexualidade, empobrecimento da atenção, tensão muscular, alterações gastrointestinais, alteração do sono, lentidão cognitiva e motora. A depressão na doença de Parkinson expressa-se pelo humor baixo ou triste, diminuição da capacidade de aproveitar atividades agradáveis, bem como a perda de interesse. 

 

4) A depressão pode comprometer a função cognitiva. 

Embora a relação não seja totalmente esclarecida, os especialistas já notaram que a depressão na doença de Parkinson leva os pacientes a se queixarem muito dos sintomas motores e apresentarem maior comprometimento para realizar tarefas que exigem memória, formação de conceito e fluência verbal. Por outro lado, após o tratamento da depressão, os pacientes recuperam a qualidade de vida e têm os sintomas em geral mais controlados. 

5) A depressão pode comprometer a qualidade de vida. 

As principais consequências da depressão na doença de Parkinson estão diretamente associadas ao prejuízo cognitivo e funcional do paciente nas atividades do dia-a-dia. Isto, obviamente, reflete de forma negativa na qualidade de vida do paciente, assim como sobrecarrega emocionalmente o cuidador. No entanto, a boa notícia é que ao tratar a depressão, de forma consistente e adequada, há melhora na percepção dos sintomas motores e não-motores. 

6) Existe tratamento para a depressão. 

Após o desafio inicial do diagnóstico, inicia-se o tratamento da depressão. Na maioria dos casos, o tratamento mais eficiente é a combinação de medicamentos antidepressivos e terapia. Antes, porém, de iniciar o uso de qualquer medicação, o médico especialista precisa avaliar qual é a melhor opção de combinação dos medicamentos antidepressivos e antiparkinsonianos. Muitas vezes, é preciso tempo e paciência para ajustar as medicações e chegar ao ponto desejado. Mas é importante não desistir. Além disso, os médicos são unânimes em afirmar a importância de praticar atividade física sempre. É fato comprovado que ela aumenta a disposição, melhora o humor e ajuda no combate à depressão. 

 

Atualizado em 19/10/2022.

Levodopa, a medicação que revolucionou o tratamento da doença de Parkinson

levodopa, a medicação mais eficiente para a doença de Parkinson

A doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo que afeta o sistema nervoso, causando sintomas motores e problemas mentais. Na doença de Parkinson, ocorre uma redução das células que produzem a dopamina, um neurotransmissor que atua no envio de mensagens para as partes do cérebro que controlam os movimentos e a coordenação. Na falta deste neurotransmissor, todo o controle motor se desequilibra. Uma eventual reposição de dopamina via oral seria, em tese, o tratamento ideal. No entanto, na prática não funciona, pois ela não chega às áreas necessárias do cérebro.
É aqui que entra a levodopa, precursor da dopamina e principal droga usada no tratamento do Parkinson. Esta substância alcança o cérebro e se transforma em dopamina. A levodopa, há mais de 50 anos, revolucionou o tratamento do Parkinson, proporcionando alívio dos sintomas motores e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Conheça outras características desta medicação que tem sido fundamental no manejo da doença de Parkinson.

Você conhece a Levodopa?

  • A levodopa é a principal droga utilizada em todos os estágios da doença. Ela é altamente eficiente no controle de sintomas como rigidez e lentidão dos movimentos. No entanto, seu uso prolongado pode levar a efeitos colaterais, como flutuações motoras, conhecidas como períodos “off”. Para otimizar o tratamento, a levodopa está disponível em diferentes formas de administração, como a versão de liberação prolongada, ideal para ser tomada antes de dormir, e a forma dispersível, adequada para pessoas com dificuldade de deglutição.
  • Uma novidade promissora é a versão inalável da levodopa, chamada Inbrija, que foi recentemente aprovada pelo FDA. Essa forma de apresentação, semelhante a uma bombinha de asma, será utilizada para tratar os períodos “off” com uma dosagem de 84 mg, conforme necessário, até cinco vezes ao dia.
  • A absorção da levodopa ocorre no intestino e seu efeito aparece em 30 minutos, com duração de 3 a 5 horas. Mas a forma como atua varia de pessoa para pessoa. Em alguns pacientes, a absorção da droga fica comprometida quando ingerida com proteína (carnes, leite, queijos, ovos). O ideal, portanto, é tomar a medicação de 30 a 45 minutos antes da refeição ou duas horas depois. Para alguns pacientes, a levodopa causa um pouco de enjoo. Segundo relatos, esta náusea pode ser amenizada com um lanche leve, de bolacha água e sal ou uma fatia de pão.
  • Apesar dos desafios e efeitos colaterais, a levodopa continua sendo o tratamento mais eficaz para os sintomas motores da doença de Parkinson. Estudos estão em andamento para entender melhor seus mecanismos de ação e desenvolver terapias que possam modificar a progressão da doença, trazendo esperança para os pacientes.

Atualizado em 19/05/2023.

Referências

Abbasi, M. H., Esmaeili, S., Habibi, S. A., & Shahidi, G. A. (2020). Dilemma in Parkinson’s treatment; levodopa monotherapy may be the best choice. Journal of Clinical Neuroscience, 79, 219-223.

Cilia, R., Cereda, E., Akpalu, A., Sarfo, F. S., Cham, M., Laryea, R., … & Pezzoli, G. (2020). Natural history of motor symptoms in Parkinson’s disease and the long-duration response to levodopa. Brain, 143(8), 2490-2501.

Paik, J. (2020). Levodopa inhalation powder: a review in Parkinson’s disease. Drugs, 80(8), 821-828.

Estudo sugere que parentes de pacientes de Parkinson apresentam risco maior de ter a doença

parentes de primeiro grau de pacientes têm o risco aumentado de desenvolver Parkinson

Os cientistas buscam incansavelmente as causas do Parkinson. Acredita-se que, se descobrirem o que leva à doença, tratamentos definitivos ou medidas que evitem a progressão dos sintomas fiquem mais próximos. É por estas descobertas também que milhares de pessoas afetadas pelo Parkinson esperam. Um estudo realizado na Escola de Medicina de Chang Gung, no Taiwan, deu um passo nesta direção recentemente. Foi constatado que parentes de primeiro grau de parkinsonianos têm o risco de desenvolver Parkinson e outros transtornos neuropsiquiátricos aumentado.

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Como garantir a qualidade do sono na doença de Parkinson

qualidade do sono do paciente de parkinson

À medida que se envelhece, o ritmo circadiano – período de 24 horas, no qual ocorre o ciclo biológico – se altera e, com ele, vários aspectos do funcionamento do organismo. Um dos departamentos que mais sente as mudanças com o passar dos anos é o ciclo sono-vigília. Na doença de Parkinson, a qualidade do sono fica ainda mais comprometida.

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Você acha que as doenças de Parkinson e Alzheimer são iguais?

Parkinson e Alzheimer são doenças diferentes

Há quem pense que Parkinson e Alzheimer são doenças bem parecidas. De fato, elas têm suas semelhanças. Ambas atingem, na maioria dos casos, pessoas acima de 50 anos. Ambas afetam o sistema nervoso central. E, tanto Parkinson como Alzheimer são doenças neurodegenerativas, progressivas e sem cura. À medida que evoluem, seus sintomas se tornam cada vez menos controláveis. Porém, a trajetória, os sintomas e os tratamentos das duas são distintos. Parkinson e Alzheimer são doenças diferentes.

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Dr. Erich Fonoff Responde: quem é candidato à cirurgia de Parkinson?

Dr. Erich Fonoff responde quem é candidato à cirurgia

Você já segue a série Dr. Erich Fonoff Responde no nosso canal no YouTube? Com o propósito de trazer informações úteis e tirar dúvidas sobre o Parkinson, o neurocirurgião Dr. Erich Fonoff responde as principais perguntas que os leitores têm sobre a doença, como os sintomas e os tratamentos e também como pacientes, familiares e cuidadores podem enfrentar o desafio da doença com mais leveza e conhecimento.

Dr. Erich Fonoff é diretor técnico do canal Parkinson Hoje, médico neurocirurgião, professor, pesquisador e um dos principais especialistas brasileiros em doença de Parkinson e outros distúrbios do movimento.

No vídeo abaixo, Dr. Erich Fonoff fala sobre a cirurgia de estimulação cerebral profunda e quais pacientes são candidatos ao procedimento.

Se preferir assistir o vídeo acima direto no YouTube, clique aqui.

Para saber se a doença de Parkinson é hereditária, clique aqui. 

Clique aqui para saber mais sobre a cirurgia de Parkinson.

Atualizado em 28/08/2018.

Exercícios intensos ajudam a manter a capacidade motora

exercícios intensos retardam progressão do Parkinson

A importância de atividades físicas no tratamento de Parkinson é indiscutível. Os médicos são unânimes em afirmar o quanto um exercício feito com supervisão e regularidade pode ajudar muito na manutenção da autonomia e da segurança do paciente, além de assegurar mais qualidade de vida. Agora, um estudo americano, ainda em fases iniciais, mostrou que exercícios intensos, além de ser seguros, têm a capacidade de retardar a progressão da doença em pacientes que ainda se encontram nos primeiros estágios da doença.

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Sintomas não-motores também afetam pacientes de Parkinson

sintomas não-motores também afetam parkinsonianos

A doença de Parkinson é uma doença neurológica, associada à redução da produção de dopamina. Com a baixa deste neurotransmissor, que atua no envio de mensagens para as partes do cérebro que comandam os movimentos e a coordenação, os sintomas mais característicos são aqueles relacionados ao controle motor. Tremores, rigidez, lentidão dos movimentos estão entre os mais comuns. Porém, quase todos os pacientes de Parkinson apresentam sintomas não-motores também. Depressão e distúrbios do sono são sempre citados.

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